Creator Economy: como ela impacta o mercado da criatividade e da influência

As mídias sociais não são mais para se relacionar com pessoas. Todas elas, hoje, são plataformas de conteúdo para que marcas, influenciadores e profissionais de marketing possam compartilhar histórias para as pessoas.
O Youtube, a Twitch, o Instagram, O Tiktok e, até mesmo, o Linkedin, estão trazendo uma popularidade para um público: os creators.
Com isso, surge uma nova comunidade dentro da economia para representar as pessoas que conseguem lucrar com suas habilidades.
A Creator Economy está apenas no começo, mas como ela funciona e como esse modelo de negócio está diferenciando o marketing digital?
1. O que é Creator Economy?
Social Media, uma breve explicação sobre a Creator Economy: ela é um ecossistema centrado em organizar e trabalhar a favor do criador de conteúdo, no sentido de torná-lo uma empresa que, também, oferece produtos ou serviços para não depender apenas das chamadas publis.
São eles que produzem, distribuem e monetizam seu material usando plataformas, sua influência, criatividade e interação com os usuários.
A origem da Creator Economy — ou economia dos criadores — não tem um ano ou evento específico, mas é possível dizer que os blogs e o surgimento de plataformas como YouTube e Instagram, na primeira década dos anos 2000, foram marcos importantes.
O Youtube é considerado por muitos profissionais de marketing como a principal ferramenta para que a Creator Economy pudesse
ser aplicada na prática, já que pessoas comuns puderam monetizar seu próprio vídeo dentro de uma plataforma e receber por isso, tornando essa práticam, um trabalho.
Quando olhamos para os modelos atuais de plataformas que monetizam, a Patreon, a Substack e o Onlyfans, permitem que criadores de contéudo diversifiquem suas fontes de renda com formatos diferentes de entrega de produtos e serviços.
Já que falamos sobre monetizar a criação de contéudo, vou trazer aqui algumas para que você conheça o que tem no mercado:
- parcerias pagas e patrocínios com marcas;
- venda de produtos digitais ou físicos;
- receitas de publicidade;
- tornar-se um embaixador da marca e participar de promoções regulares;
- marketing afiliado;
- doações feitas por seguidores por meio de canais como TikTok, Patreon e Twitch;
- clubes dos canais e assinaturas;
- assinaturas exclusivas para acessar conteúdo reservado;
- venda de NFTs (tokens não fungíveis)
2. O tamanho da Creator Economy e como ela funciona
A estimativa é de que existem mais de 303 milhões de pessoas que se consideram criadores de conteúdo no mundo, de acordo com pesquisa global da Adobe.
Quando falamos em tamanho, esse mercado tem estimativa de 250 bilhões de doláres, de acordo com os dados da Goldman Sachs Research
E as projeções são ainda mais otimistas, prevendo que esse valor possa atingir até meio trilhão de dólares até o ano de 2027.
Criadores de conteúdo em todo o mundo também estão entusiasmados com as oportunidades oferecidas pela Creator Economy.
Isabela Matte, uma empreendedora brasileira reconhecida no ranking Forbes Under 30 em 2018, compartilha sua visão sobre o setor em matérias para a Forbes Brasil.
“Estando dentro dessa economia, posso dizer com propriedade que não só é um mercado excelente, mas o mercado com maior oportunidade de crescimento hoje e nos próximos anos.”
O Brasil está muito bem dentro desse mercado, segundo a Nielsen em meados de 2022, dentro do mercado brasileiro, já temos cerca de 12,8 milhões de criadores de conteúdo.
Um ponto importante para deixar neste post é que quem vai enriquecer com a Creator Economy são os produtores de conteúdo que souberem utilizar sua influência para construir negócios sólidos.
Os criadores de conteúdos são aqueles que produzem vídeos, podcasts, lives, posts em redes sociais, artigos em blogs e outros formatos para entreter, educar ou informar os usuários.
Mas o que de fato torna a creator economy tão revolucionária é a capacidade de os creators comercializarem seu trabalho de forma autônoma e de maneiras diferentes.
Um dos meios mais populares é a venda de produtos próprios ou conteúdos exclusivos, como cursos, e-books e acesso antecipado a vídeos.
A Hotmart, a maior plataforma de hospedagem de infoprodutos do mundo, realizou uma pesquisa, junto com a FGV, para entender como os seus usuários se mantém com uma renda principal dos seus produtos vendidos dentro da plataforma.
A renda, em média, está na casa dos R$11.000,00 de faturamento.
Mas, além da venda de produtos próprios, outra maneira de monetização na creator economy é a arrecadação de “doações” de fãs.
2.1. Importância do Patreon e outras plataformas
Essas contribuições podem ser realizadas em plataformas como o Patreon, na qual os fãs apoiam financeiramente seus criadores de conteúdo favoritos.
Você já notou como alguns canais no YouTube encerram seus vídeos com uma lista de nomes, muitas vezes extensa, de patrocinadores? Essas são pessoas que apoiam o trabalho do criador de conteúdo, geralmente por meio de planos que variam de poucos a vários dólares mensais.
Um exemplo é o canal “Tasting History with Max Miller” (@TastingHistory) no YouTube, que frequentemente encerra seus vídeos com uma lista de nomes de apoiadores do Patreon.
Essas são pessoas que contribuem financeiramente para o trabalho de Max, permitindo que ele continue recriando receitas históricas de várias épocas e culturas, compartilhando curiosidades e contextos históricos por trás de cada prato.
No Patreon, os apoiadores podem escolher diferentes níveis de contribuição, cada um com seus próprios benefícios exclusivos, como acesso antecipado a conteúdo, participação em encontros virtuais e muito mais.
Também é comum que os creators ganhem dinheiro com a participação em programas de afiliados e com o patrocínio de marcas para promoção de produtos ou serviços nas redes sociais — o chamado “marketing de influência”.
3. Criadores de conteúdo: Qual a importância?
No marketing atual, uma estratégia de conteúdo bem estabelecida faz com que a marca esteja preparada para atuar na captação de novos leads e possíveis interessados em seus produtos ou serviço.
3.1. Humanização do Marketing

Sem um ótimo conteúdo e uma presença de alto nível na internet, uma marca praticamente não existe. É aí que os creators podem fazer a diferença.
Os criadores trazem autenticidade para o conteúdo e fazem ligação de personalidade para uma empresa. Por isso, os criadores têm o poder de humanizar o marketing de uma marca.
Pense que uma marca utiliza a criatividade do creator para oferecer um produto dentro de um contexto que faça um sentido.
Ao contrário dos anúncios tradicionais, que muitas vezes são ignorados ou até mesmo vistos como intrusivos, o conteúdo dos criadores é percebido como mais confiável.
Pedro Alvim, diretor de Mídias Sociais e Especialista em Creator Economy traz uma análise importante:
“Para ser bem-sucedida, uma colaboração entre marcas e creators precisa de transparência, respeito e confiança mútua.
Quem entende do business é a marca. Quem entende de como influenciar a comunidade é o creator.
Se não houver essas 3 características e um trabalho de cocriação, os resultados podem ser desastrosos para
ambas as partes. Não se pode subestimar a capacidade das pessoas”.
3.2. Colaboração entre criadores e pequenas marcas
Não são apenas os influenciadores famosos e marcas de grande porte com milhões de seguidores que têm a oportunidade de fechar parcerias de sucesso na creator economy.
Na verdade, os criadores que estão começando ou que estão em nichos específicos também fecham parcerias e divulgam produtos ou serviços de médios e pequenos negócios.
É uma colaboração ganha-ganha. Com isso, a marca consegue ter um retorno sobre o investimento mais efetivo, sem comprometer seu orçamento de marketing.
Sobre esse tipo de iniciante, Pedro Alvim afirma:
“Micro e nano influenciadores, principalmente locais, podem trazer excelentes resultados, dependendo dos objetivos das marcas de pequeno e médio porte”.
Além disso, colaborar com marcas menores permite que ela mantenha uma conexão autêntica e próxima com sua comunidade, já que seus seguidores valorizam recomendações genuínas e personalizadas. Isso fortalece a confiança e a lealdade do público.
4. Quais áreas você pode trabalhar com a Creator Economy?
Para estar no mercado da creator economy, você precisa ter algum poder de influência. Antes do passo a passo de como adentrar nesse mercado, primeiro você precisa saber em quais áreas pode atuar, para decidir isso antes do resto.
- Conteúdo digital: criação de vídeos, podcasts, blogs, posts em mídias sociais, entre outros tipos de conteúdo para entreter, educar ou informar. Aqui, você é a própria marca, e o poder de influência está diretamente ligado à sua imagem.
- Mídias sociais: gerenciamento de contas em plataformas como Instagram, YouTube, TikTok, Twitter, Facebook, LinkedIn, entre outras. Aqui, você pode tanto produzir conteúdo para si mesmo como profissional, quanto agir nos bastidores, para outros creators e marcas.
- Fotografia e design gráfico: criação de imagens, logotipos, banners e outros elementos visuais para uso digital.
- Escrita e redação: produção de artigos, e-books, roteiros, posts em blogs e outros tipos de conteúdo escrito.
- Marketing de afiliados: promoção de produtos ou serviços de terceiros em troca de comissões sobre vendas ou ações específicas.
- Consultoria e treinamento: oferecimento de serviços de consultoria ou treinamento em áreas específicas, como marketing digital, branding, gestão de mídias sociais, entre outros.
- Artes visuais: criação de ilustrações, pinturas, arte digital, entre outras formas de expressão artística.
- Música e produção de áudio: composição, produção e distribuição de músicas, podcasts, trilhas sonoras, jingles, entre outros.
- Gaming: criação de conteúdo relacionado a jogos de vídeo, como transmissões ao vivo, vídeos de gameplay, tutoriais e análises de jogos.
- Educação online: desenvolvimento e venda de cursos, tutoriais, workshops e outros recursos educacionais online.
4.1. O passo a passo para trabalhar como Criador de Conteúdo
O passo a passo aqui, para que você consiga adentrar no mercado da creator economy, é focado em quem quer deter o poder de influência através da própria imagem. A finalidade de como você vai usar essa influência, ou seja, se vai vender publicidades, produtos físicos, digitais, consultorias, serviços, cursos, não importa – o objetivo aqui é te ajudar no passo a passo inicial.
- Passo 1: Definir sobre qual assunto principal você irá produzir conteúdo. Não comece criando um negócio, comece pelo conteúdo. É mais barato e mais fácil construir uma audiência sem vender nada para ela. Quando você construir uma audiência sobre o assunto que gosta, que tem interesse e que tem propriedade, ficará muito mais fácil saber que negócio criar, o que vender e a venda será também infinitamente mais fácil de ser feita.
- Passo 2: Estudar sobre produção de conteúdo. Eu sou da filosofia estudar-para-tudo-na-vida. Estude para ser mãe, para criar negócios, para produzir conteúdo, para se conhecer melhor… e indico isso para você. Não ache que é algo intuitivo, porque não é. Você precisa saber como montar uma boa estratégia, se organizar, escrever bons roteiros, edição, análise de métrica.
- Passo 3: Foque em qualidade ANTES de pensar na quantidade. Dedique a maior parte do seu tempo no início aperfeiçoando seu conteúdo, avaliando a resposta do público, e, quando começar a entender que encontrou formatos que funcionam e que estão trazendo resultados, aí sim foque em aumentar o máximo que conseguir a quantidade. É na quantidade que mora a escala.
- Passo 4: Estruture um negócio (ou alguns), em torno da sua influência. O jogo da influência e dos creators é dividido entre quem quer ser famoso e se enxerga como uma vitrine para empresas, e quem se enxerga como um ativo fundamental para qualquer tipo de negócio. O segundo grupo normalmente cria ou se associa a negócios que se beneficiarão da sua influência.
Isso não só gera mais grana, como te faz mais relevante no longo prazo.
5. Quais são os impactos da Creator Economy no Marketing?
Sim! Todo novo começo de um mercado impacta em todo seu ecossistema. Mas já dá para perceber muitas mudanças nas estratégias de marketing das marcas de todos os tipos.
Veja como a economia focada nos criadores de conteúdo está fazendo as empresas repensarem suas estratégias de marketing tradicionais.
5.1. Alcance de Marca
Na maioria dos casos, os seguidores dos criadores confiam e gostam do que fazem.
É mais provável que as pessoas se interessem por marcas quando um criador de conteúdo fala sobre ela.
Isso significa que uma empresa que trabalha com influenciadores pode alcançar um público que talvez não conseguisse alcançar de outra forma.
Pesquisa da plataforma LTK com a Northwestern University mostra que muita gente, especialmente jovens, confia nos criadores na hora de decidir o que comprar.
73% da Geração Z, 68% dos Millennials e até 57% de todas as pessoas pedem conselhos aos criadores ou escutam suas recomendações antes de comprar algo.
Isso mostra o quanto a confiança que os seguidores têm nos criadores ajuda as marcas a alcançarem a audiência de um nicho de mercado.
5.2. Autenticidade
As marcas que estão em sintonia com as estratégias de branding, buscam se posicionar de forma autêntica, formando uma personalidade original e verdadeira.
Atrelar a imagem da marca com a de criadores de conteúdo é uma ótima maneira de reforçar a personalidade da marca de uma maneira mais sútil.
Os criadores de conteúdo podem usar opiniões, experiências e histórias reais, fazendo com que as pessoas se identifiquem.
Ao contrário de parecer propaganda, parece uma recomendação de um amigo.
5.3. Parcerias com pequenos influenciadores
É comum que se pense que apenas os famosos com milhões de seguidores chamam a atenção de empresas interessadas em patrocinar criadores, mas a realidade é outra.
Muitas marcas estão descobrindo os pequenos influenciadores.
Eles podem ser mais acessíveis e ainda assim ter um impacto bem positivo no marketing das empresas, especialmente porque são próximos de suas audiências e desfrutam de uma autenticidade ainda maior.
A Rhayssa Hensandsil uma criadora de conteúdo que dá dicas de maquiagem e moda no Instagram, tem um pouco mais de 1.800 seguidores. Mas a marca de maquiagem Guava, com pouco mais de 43 mil seguidores, viu o potencial dela e fez uma parceria!
6. Uma marca pode se integrar à Creator Economy?
Quando falamos sobre creator economy, praticamente apresentamos o olhar dos criadores ou das pessoas que aspiram ser criadores de conteúdo. Mas como um marca pode se integrar dentro desse modelo de negócios?
6.1. Entender o que o público espera
Os criadores precisam falar a mesma língua que o público.
Se a marca escolher criadores que não combinam com o que as pessoas esperam, pode ser que o público não se interesse tanto pelo conteúdo.
Ou pior, as pessoas podem perceber a parceria como algo forçado ou estranho.
Então, vale a pena fazer uma pesquisa sobre o público-alvo, ver o que eles curtem, quais são seus interesses e quem eles acompanham nas redes sociais.
Sempre que a marca entende o que o público espera, fica mais fácil encontrar os criadores que vão fazer o público se apaixonar pelos produtos e pela marca.
6.2. Planejar a parceria com Creators
Nessa etapa, muitos aspectos são negociados para garantir o sucesso da colaboração.
Logo abaixo, separamos os principais pontos a serem considerados em uma parceria com criadores de conteúdo.
- objetivos: aumentar as vendas? Ganhar mais seguidores? Melhorar a imagem da marca? É importante ter esses objetivos claros desde o início;
- conteúdo: quais assuntos serão abordados? Quais formato serão usados: vídeos, fotos ou textos? O conteúdo precisa ser interessante para os seguidores do criador e também representar bem a marca;
- divulgação: em quais redes sociais ele será postado? Com que frequência? Será divulgada alguma promoção atrelada ao conteúdo?;
- expectativas: tanto a marca quanto o criador precisam entender o que esperamos um do outro. Isso significa comunicar claramente as expectativas e ouvir o que o criador tem a dizer sobre o que ele pode fazer;
- cronograma: as datas de cada etapa devem ser definidas com antecedência para que todos saibam o que precisa ser feito e quando precisa ser feito;
- pagamento: nem sempre basta entregar um produto ou dar acesso a um serviço da marca como pagamento pela parceria com o criador. É importante discutir claramente qual será a forma de pagamento pela colaboração.
Um acordo que seja justo para ambas as partes está alinhado com o valor do trabalho do criador e com o orçamento da marca.
6.3. Use as métricas certas
Confira as cinco principais KPI’s definidas por Rapha Avellar, Creator, Co-Founder & CEO Brandlovrs, apresenta para nós.
- reconhecimento: mede o aumento do tráfego no site, menções nas redes sociais e pesquisas da marca no Google após a parceria com criadores de conteúdo;
- conversão: indica quantos visitantes ou seguidores que interagem com o conteúdo do criador e realizam uma ação desejada pela marca, como comprar um produto;
- volume de conteúdo: avalia o aumento na frequência de postagens e conteúdos sobre a marca nos canais do criador de conteúdo, decorrente da parceria;
- eficiência do orçamento de marketing: compara o custo da parceria com criadores com o retorno sobre o investimento (ROI) obtido, como vendas geradas ou leads capturados;
- reputação: monitora o feedback dos consumidores nas redes sociais, comentários em posts e avaliações de produtos para entender como a parceria está influenciando a percepção da marca pelo público.
Enquanto o mercado evolui, os princípios básicos de construir parcerias autênticas com os criadores continuarão sendo fundamentais. Então, com as orientações desse artigo, as empresas podem continuar a se destacar e prosperar na Creator Economy.